Apesar da pouca participação na balança comercial brasileira, país africano vê semelhança como sede do mundial para incrementar relação
Por: Paula de Paula
São Paulo
A África do Sul é um dos países mais importantes do seu continente e se tornou mais conhecido após ser a sede da Copa do Mundo de 2010. O Brasil terá a oportunidade de aprender com seu vizinho do outro lado do atlântico e incorporar ideias para que o mundial, a ser sediado no País em 2014, tenha o mesmo sucesso que foi o sul africano. Esse intercâmbio poderá servir para impulsionar a relação comercial entre os dois países, que ainda é pouco representativa nos dois lados.
No último ano, a corrente de comércio totalizou US$ 2,5 bilhões, os principais produtos exportados para a África do Sul pelo Brasil foram pedaços e miudezas comestíveis de frango, automóveis, tratores e açúcar. Já o Brasil comprou do país hulha (minério), paladio (metais), motores de explosão para veículos e herbicidas. O saldo comercial foi a favor do Brasil em US$ 768 milhões.
Para o gerente da Câmara de Comércio Brasil-África do Sul, Fernando Tomé, “o comércio entre os dois países não tem muita mudança, o Brasil tem um superávit bem sólido, a principal característica é essa constância. Os produtos também não mudaram muito, as commodities agrícolas têm ganhado mais importância nos últimos cinco anos”. Segundo ele o motivo para isso é devido um aumento da demanda local.
Ele acrescenta que existem semelhanças e diferenças no que diz respeito ao contexto comercial dos dois países. Uma das semelhanças, para o especialista, é que a África do Sul tem a mesma importância dentro do continente africano que o Brasil tem na América do Sul.
Além disso, os dois países concorrem mundialmente com os mesmo produtos no mercado europeu e americano. A diferença primordial está na indústria, o Brasil possuí uma produção mais competitiva que o país africano, mas Tomé ressalta que a indústria da África do Sul é forte e atende bem o mercado interno.
Para ele, a principal dificuldade para que a relação bilateral cresça se dá pelo pouco conhecimento dos empresários brasileiros sobre a potencialidade do país. “Conforme a nossa competitividade a gente exporta um número modesto. O Brasil está longe de ser um grande parceiro da África do Sul. O empresário precisa atravessar o Atlântico”, disse.
Brics e Copa
A África do Sul começou a fazer parte do grupo formado pelo Brasil, Rússia, Índia e China (Brics) no ano passado. Para o Cônsul Comercial da África do Sul no Brasil, Willem Van der Spuy, ”a entrada da África do Sul nos Brics facilitou bastante o aprimoramento das nossas relações. O país tem muito a contribuir para o desenvolvimento da economia brasileira. Podemos colaborar em projetos como agricultura e tecnologia, por exemplo. Conforme a economia do Brasil continuar a crescer, o mesmo acontecerá com suas necessidades de recursos vindos da África, fornecendo um novo impulso à história do crescimento africano.”
Na última semana, um porta-voz do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirmou que os Brics assinarão um acordo de cooperação para estimular a concessão de empréstimos dentro do grupo utilizando suas respectivas moedas locais. O contrato deve ser assinado na próxima reunião dos países, prevista para ocorrer em Nova Délhi no final do mês.
O cônsul sul africano acredita que “se esse acordo for confirmado ele será bastante importante para as nossas relações, facilitando assim os negócios entre os países. A relação entre África do Sul e Brasil tem evoluído consideravelmente nos últimos dez anos. Ambos os países compartilham uma relação política e econômica muito forte, então qualquer acordo entre os países tem como objetivo estreitar essas relações e impulsionar o crescimento dessas regiões”.
Van der Spuy acredita que o país sul africano pode ajudar o Brasil também na realização do Mundial de Futebol, “temos muitas coisas em comum. Podemos ajudar o Brasil a encontrar soluções eficazes nas áreas de construção e engenharia, infraestrutura, administração e tecnologia da informação, por exemplo. Isso já vem ocorrendo através do nosso diálogo com o governo brasileiro, e da presença de empresas sul-africanas no Brasil”.
O representante da Câmara de Comércio chama a atenção para o fato da empresa detentora da concessão do aeroporto de Guarulhos (São Paulo) ser sul-africana. Ele afirma que o aeroporto de Johanesburgo foi reformado por essa empresa para a Copa e que fizeram um ótimo trabalho. “A gente tem uma boa perspectiva para que eles façam um bom trabalho aqui como fizeram lá”, disse.
Fonte: http://www.panoramabrasil.com.br/copa-pode-ajudar-comercio-entre-africa-do--sul-e-brasil-id82968.html
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